sábado, 14 de novembro de 2009

Geraldo.


Era uma típica tarde de primavera - Um domingo, pra ser mais exato. - Eu estava assistindo um daqueles típicos enlatados na televisão da sala, esperando meu pai voltar de mais uma de suas ídas ao sítio dos meus avós. Estava escurecendo, decidi ir ler um gibi e acabei pegando no sono. Acordei no outro dia, desesperado e atrasado para mais um dia de aula. Tudo estava normal, os sapatos do meu pai na escada e seu casaco na cadeira da mesa central deixavam claramente o sinal de que havia voltado.

Voltei da escola normalmente. Larguei a mochila, devolvi os livros pra estante, tirei os tênis e sentei no sofá. Olhei para fora e onde geralmente avistava só a lavanderia, tive a impressão de ter visto um vulto amarelo; Não era impressão, eu realmente havia visto algo diferente. Levantei, me aproximei pouco a pouco, me questionei e me deparei com a criatura mais adorável que meus olhos ja haviam visto: Um pato - Não, não era só um pato. Era um animal grande daqueles com as brilhantes penas amarelas e um bico alaranjado com um risco preto, que o tornava claramente único e repentinamente especial. Andei para um lado, ele me seguiu. Voltei para o outro lado, ele estava perto de mim. Refleti, pensei, cansei. Não entendia o motivo de um pato estar na minha casa, mas os motivos - mesmo que fossem sem sentido - eram a última coisa que justificasse a alegria que eu estava sentindo naquele momento. Como as coisas mais banais sempre acontecem na minha vida, meu pai foi viajar para negócios justo naquela semana, e ninguém, nem minha própria mãe e nem a empregada sabiam o motivo de nossa família ter um ser amarelo, com penas e asas no quintal - ou pelo menos fingiam que não sabiam.

Passou um dia, passaram dois... E aquele ser foi criando laços fortes e indestrutíveis comigo mesmo. Nenhum cachorro, nenhum peixe e nenhum gato poderia ocupar o seu lugar. Decidi que ia se chamar Geraldo - um belo nome, não é? - E que de agora em diante, nada poderia tirar o seu lugar. Eu o alimentava, dava banhos de piscina, brincava e sentia que o seu rosto triste esperava o que estava por vir. Repito: Todos sabia, menos eu.

Passaram mais dois dias, meu pai chegou e finalmente pedi o motivo daquele ser estar em nossa casa. Minha mãe dirigiu seu olhar amedontrado para o meu pai - eu conhecia esse olhar - como se quisesse esconder algo. Eu percebi o que estava acontecendo e corri para salvar Geraldo. Eu o peguei, dei um último abraço em suas penas quentes. Coloquei-o em uma caixa, saí de bicicleta e o soltei na lagôa mais próxima que tinha por lá. Sabia que estava certo, sabia que só assim o meu pato seria feliz, e foi.

Seria um lindo e gratificante fim, se sua vida não tivesse terminado dentro de uma panela fria e sombria como realmente aconteceu.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um brinde à festa do ano!

OKTOBERFEST, a grande e tradicional festa de Blumenau, há tempos vem perdendo o seu real sentido. Pessoas embriagadas, acidentes de trânsito, ruas sujas e praças cobertas de cerveja, não apresentam um clima muito propício para uma festa cultural alemã. Enquanto uns bebem exageradamente, outros, em suas casas, temem mais alagamentos e desgraças. Perdemos nosso senso, esquecemos os bons valores e escondemos nossas faces para os problemas. Os tempos mudaram, os caminhos para a diversão se movimentam sempre mais, os motivos ultrapassaram seus limites. Observamos pessoas não só perdendo seus empregos, mas seus entes queridos vítimas da enchente que ainda ficará em nossa memória por muitas gerações. Mas vamos esquecer tudo isso... Afinal, para a Oktoberfest nunca há hora, não é mesmo?! É tudo uma questão de estado de espírito... Vamos sentar com um caneco na mão, brindar ao país que só melhora e esperar o barril de problemas previstos para esse fim de ano.

Texto crítico escrito em 14/10/09 - Aula de redação.